Militância e dedicação

Levar o <i>Avante!</i> cada vez mais longe

Gustavo Carneiro
Todas as quintas-feiras, em vários locais da cidade de Lisboa, militantes comunistas vendem o Avante!, levando cada vez mais longe a voz do Partido.

Para além dos jornais vendidos, é o Partido que se afirma e mostra

São nove da manhã de quinta-feira e a estação do Metropolitano do Campo Grande fervilha de agitação. Milhares de pessoas, a caminho do trabalho, saem do metro e dirigem-se para os autocarros, enquanto outros tantos fazem o percurso oposto.
Numa das portas da estação, precisamente na que dá acesso aos terminais dos autocarros, uma voz apregoa: «É o Avante!, é a edição de hoje do Avante!.» Uma jovem pára, cumprimenta o vendedor, e compra o jornal. Um pouco mais atrás, estão mais três militantes comunistas, de jornal em punho, repetindo o pregão.
É assim todas as quintas-feiras, desde 24 de Janeiro de 2008: de manhã, entre as 8 e as 11 horas, e à tarde, entre as 16.30 e as 19 horas, equipas de militantes do Partido vendem o jornal naquele local. Só falharam uma quinta-feira, no último dia do ano passado. A experiência da véspera de Natal, com muito pouca gente a circular nos transportes públicos, assim o aconselhou.
Segundo Pedro Duarte Silva, um dos responsáveis por estas brigadas, «é preciso arcaboiço para esta tarefa. Às vezes, estamos uma hora e meia sem vender nada, mas de repente, em pouco tempo, vendemos logo uns quantos, o que dá ânimo para continuar». Como que a confirmar estas palavras, surge um novo cliente, com o dinheiro trocado na mão, pronto para pegar no seu jornal.
«Estávamos a vender 25», confessou Pedro Duarte Silva, mas com o início deste ano, decaiu um pouco, para os 22. Em sua opinião, isto deve-se às crescentes dificuldades económicas vividas pelos trabalhadores. «Muito mais gente levaria o Avante! se fosse à borla», realçou. Às vezes, «quando vemos que as pessoas não têm dinheiro, chegamos a vender o jornal por cinquenta cêntimos. O resto é compensado por alguns compradores que dão sempre dinheiro a mais...»
Outro militante, Luís Gouveia, destaca que cada semana é diferente, «mas temos uma média estável». Numa ocasião, aproximavam-se as seis da tarde e ainda havia 14 jornais por vender. Na hora restante venderam-se todos...
Ambos destacam a existência de compradores habituais, que ali adquirem o seu Avante! todas as quintas-feiras. Mas todas as semanas há compradores ocasionais, realçam os dois comunistas, que não param de apregoar o Avante!. Um pouco mais atrás, Fernanda Guilherme e Lucinda Carvalho, ali estão, de jornal em punho, tentando fazer com que mais gente o compre...

Do local de trabalho para fora

Algumas centenas de metros mais adiante, a meio da Avenida 5 de Outubro, Vítor Sérgio e Francelina Pereira vendem o Avante! junto às instalações do Ministério da Educação. Ele é presença certa todas as semanas, ela vem às vezes, quando pode, dar uma ajuda.
Vítor Sérgio trabalhou no ministério como jurista e reformou-se em 2006, após 36 anos de serviço. O hábito de vender o Avante! naquele local vem-lhe da altura em que ali trabalhava. Nesses tempos, chegava antes das oito, vendia os jornais e entrava ao serviço. Agora, chega antes das oito, vende os jornais e segue, depois, para outras tarefas partidárias ou sindicais...
Entre os compradores, há sete ou oito «seguros», que compram sempre ali o seu Avante!, conta Vítor Sérgio enquanto vende um exemplar. Os restantes, prossegue, variam semana após semana. Por vezes, conta Vítor Sérgio, «oferecemos alguns exemplares da semana passada. Há pessoas que depois de perceberem a importância do jornal, voltam para comprar».
Mas não só de jornais se fazem as manhãs de quinta-feira destes dois militantes. Quando há propaganda do Partido para distribuir, ali estão eles a fazê-lo.

Cada semana numa empresa

Foi junto à sede da PT, em Picoas, que encontrámos outra brigada de militantes-ardinas. À saída do Metro e junto à entrada dos trabalhadores, sete membros do Sector de Comunicações, Água e Energia da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP (SCAE), vendem o Avante!, garantindo aos potenciais compradores que «é para ter ao mesmo tempo que distribuem folhetos da campanha do Partido «Sim, é possível uma vida melhor».
Normalmente, naquele local, vende-se 16 jornais. Cada quinta-feira, os membros do sector estão numa empresa diferente a vender o Avante!. A PT está entre aquelas em que as vendas correm melhor, mas também na EPAL, na Vodafone do Parque das Nações ou nos CTT de Cabo Ruivo e dos Restauradores há muitos compradores habituais, conta-nos Rego Mendes, reformado da EDP e responsável pelas brigadas rotativas.
Em todas estas empresas, como noutras, há ainda a venda interna do Avante!, por via das células do Partido, afirma Rego Mendes. Com ele em Picoas estão Helena Rico, igualmente aposentada da EDP, José Soares, Fernanda Fernandes e Artur Gavieiro, reformados da PT, e José Paulo, que trabalhou nos CTT, para além de Teresa Chaveiro, do Comité Central e responsável pelo sector.

Para lá dos jornais...

As vantagens da presença regular dos comunistas nestes locais vai muito para além dos jornais vendidos. No Campo Grande, Luís Gouveia lembra-se de ter feito três recrutamentos para o Partido na sequência de conversas surgidas nas vendas do Avante!.
Pedro Duarte Silva, por seu lado, recorda como ajudaram a resolver o problema de uma moradora no Lumiar, que estava confrontada com uma acção de despejo, aconselhando-a a colocar o seu problema à Associação de Inquilinos Lisbonenses. Foi uma vizinha que encaminhou a senhora para os «senhores do Avante!».
Também Rego Mendes, junto à , realça que a presença dos comunistas junto às empresas permite aproximar o Partido dos trabalhadores. «Eles já nos conhecem e colocam-nos os seus problemas...»


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